segunda-feira, 27 de junho de 2011

Política, futebol e transparência

Quando a gente vê os estádios lotados nos finais de campeonato, com as torcidas se envolvendo com seus corações e bolsos para apoiar seus times, nos perguntamos porque as grandes paixões políticas se concentram, quando acontecem, apenas nas vésperas das eleições?
A paixão pela Copa de 2014 está nos corações e mentes de todos os brasileiros e uma pesquisa da FGV Projetos, a pedido da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), mostra que a Copa do Mundo de 2014 deverá gerar 3,6 milhões de empregos no Brasil.
A movimentação tem sido mais forte em duas áreas: construção civil e marketing. Além desses segmentos, vamos precisar de mais hotéis, mais serviços como restaurantes, profissionais de turismo, mais aeroportos, mais aviões, mais pilotos e mecânicos. Ou seja, o Brasil vai se sair vitorioso antes mesmo da Copa de 2014.
Mas... para aqueles e aquelas que acham que futebol e Copa do Mundo não tem nada a ver com política, é bom que nos ajudem a entender porque se tenta manter em sigilo os custos das obras da Copa de 2014.
Notícia publicada pela Folha relata que “a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) afirmou ontem (21/6) que o governo não pretende fazer modificações no projeto que determina o sigilo no orçamento das obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016.”
Outra notícia publicada no Estadão, em 25/6, mostra a mobilização da sociedade civil contra os gastos secretos da Copa: “A sociedade civil prepara uma ofensiva para tentar barrar os artigos do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) que permitirão o sigilo em relação aos orçamentos de obras de infraestrutura e construção de estádios para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 e também os que dão poderes ilimitados à Fifa e ao Comitê Olímpico Internacional (COI) para definir gastos e inflar os orçamentos. Uma das ações será coordenada pelo projeto Jogos Limpos Dentro e Fora dos Estádios. A intenção é pressionar deputados, para que vetem ou alterem tais artigos.”
Basta ler estas duas notícias na sequência para que a gente perceba que para se manter a esperança dos empregos limpos que podem ser gerados pela Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 temos que nos voltar para dentro do Congresso Nacional.
Ou seja, misturar política com futebol e pressionar os deputados federais e senadores, antes das eleições que acontecerão somente em 2014, depois da Copa do Mundo.
Como misturar política e futebol?
Participando das reuniões de suas comunidades e das regionais dos partidos políticos de sua preferencia, telefonando e mandando emails para os deputados federais e senadores, mobilizando sua torcida a favor de mais transparência.
Para não deixar que as maracutaias de bastidores terminem por contagiar o futebol brasileiro. Pois, apesar de todos os pesares, sabemos que dentro das quatro linhas existem regras rígidas que são cumpridas porque tem sempre uma torcida atenta e vigilante.
Para podermos sempre repetir as emoções que vivemos durante a conquista do tricampeonato da Libertadores pelo Santos de Neymar e Ganso.
Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Crescimento econômico, juros e dignidade humana

Uma população estimada em 10,5 milhões de brasileiros - equivalente ao Estado do Paraná - vive em domicílios com renda familiar de até R$ 39 mensais por pessoa. São os mais miseráveis entre 16,267 milhões de miseráveis - quase a população do Chile - contabilizados pelo governo federal na elaboração do programa Brasil sem Miséria.
Os dados são do Censo 2010 recém-divulgados pelo IBGE que municiaram a formatação do programa federal e oferecem uma radiografia detalhada da população que vive abaixo da linha de pobreza extrema, ou seja, com renda familiar de até R$ 70 mensais por pessoa
São brasileiros e brasileiras invisíveis ao radar da dignidade humana. Que vegetam ao nosso lado, nas cidades e nos grotões rurais. Que sofrem e continuarão vítimas da nossa indiferença cívica e cidadã até sermos capazes de agregar dignidade ao nosso crescimento econômico, como é a tentativa do governo federal através do programa Brasil sem Miséria.
É um programa que tem o apoio e mobilização do PDT. Mas é inadmissível que numa economia como a nossa, em que o governo brasileiro gastará R$ 230 bilhões com o pagamento dos juros neste ano, que ainda tenhamos pessoas, brasileiros como nós, vegetando com míseros R$ 39,00 por mês.
É praticamente impossível a gente ter noção do significado de R$ 230 bilhões que o governo gastará com juros. Por isso, fiz algumas contas para nos ajudar.
Se você dividir R$ 230 bilhões por 10,5 milhões de brasileiros, cada um teria o  equivalente a R$ 1.825 mensais, ao longo do ano.
Se a gente incluir em nossas contas o total de miseráveis do Brasil, com ganhos inferiores a R$ 70 por mês, que somam 16,267 milhões de pessoas, ainda assim poderíamos repassar para cada um R$ 1.178,25, todo mês, durante 12 meses.
Mas em vez de minorar nossa miséria, esses R$ 230 bilhões serão gastos pelo governo federal para financiar os juros de uma dívida pública interna que sangra o país.
E deixa no seu rastro milhões de miseráveis. Uns que são obrigados a viver com menos de 70 reais por mês. E outros, que são nada menos que 10,5 milhões de brasileiros, que vegetam com R$ 39 por mês.
Portanto, erradicar a miséria no Brasil não pode ser mais uma plataforma que muitos embarcarão de olho nas próximas eleições. A proposta e a determinação da presidente Dilma Rousseff devem nos sensibilizar a ponto de resgatar a nossa dignidade e colocá-la a serviço de um País que não aceita mais conviver com cidadãos mantidos na miséria, verdadeiros mortos-vivos, enquanto que se gasta no pagamento de juros o dinheiro que poderia ter solucionado a situação a curto prazo.
Como cidadãos e eleitores, como trabalhadores e brasileiros somos cúmplices da atual situação de miséria. Pois não se trata mais de falta de informação. Sabemos como o Brasil é sangrado pelos juros da dívida pública.
Precisamos, apenas, deixar bem claro, com todo o vigor de nossa dignidade cívica, que não queremos mais continuar cúmplice de uma política econômica que sangra nossas riquezas e deixa no nosso meio mais de 16 milhões de miseráveis.
Dinheiro tem para erradicar a miséria. E o governo da presidente Dilma verá, com o apoio de cada um de nós, que teremos que escolher a política econômica que nos garanta a dignidade cívica e cidadã.
Uma política de uma Pátria Mãe, que protegerá cada um de nós da miséria absoluta. Para podermos cantar, com vigor, nosso Hino Nacional: “Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!
Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Aparências democráticas

Vivemos tempos dos grandes espetáculos e enganações. O que vemos na televisão e no cinema contamina de maneira cruel a vida real.
Hoje temos escolas nas quais os professores de tão irrisório o pagamento fingem que recebem salários. Como contrapartida, muitos professores fingem que ensinam. Os estudantes, por sua vez, são obrigados a fingir que estudam. E, o pior, muitos chegam mesmo a fingir que aprendem. Para desespero deles mesmos na hora de ter que disputar uma vaga no mercado de trabalho.
Mas o contágio dos fingimentos democráticos vai mais longe. Fomos obrigados a criar uma Comissão Especial de Acompanhamento da Aplicabilidade das Leis Específicas da Billings e Guarapiranga.
A Comissão surgiu de proposta consensual na audiência pública que debateu o tema na Assembleia Legislativa, no dia 19 de maio, passado. Pois, passados cinco anos após aprovação da lei da Guarapiranga e dois anos da lei da Billings são observados problemas de gestão entre Estado e municípios que fazem com que a legislação não saia do papel.
Ou seja, num verdadeiro teatro, os deputados estaduais, muitos deles bem intencionados, criam leis que protegem nossas águas e nossos mananciais. Passam cinco anos e neste meio tempo envolvem no grande teatro da preservação ambiental os prefeitos e vereadores de todos os municípios que dependem das represas para sua sobrevivência. E no final, se monta outro grande evento e se cria uma Comissão Especial.
O que falta? Infelizmente, não podemos responder com todas as palavras e temos que também participar do teatro da democracia e afirmar que talvez falte empenho político.
Quem sabe nós, cidadãos e eleitores também não tenhamos nossa parte de culpa ao aceitar que a farsa continue e não se tome uma providência urgente para colocar um fim neste fingimento democrático.
Que se transformou numa grande peça que contamina a escola que finge que educa nossos filhos, que passa pelo posto policial que finge que vai investigar os crimes que denunciamos e que atinge as leis que deveriam proteger a Billings e a Guarapiranga e a população do entorno, mas que ficam apenas no papel.
No teatro, pelo menos, os atores e diretores, se organizam a partir de um texto, ensaiam, montam cenários e nos emocionam com uma realidade concreta, criada a partir do empenho e do talento de um grupo de artistas dedicados.
Nem isso conseguimos com esse simulacro de democracia que tentam nos impor. As leis que protegem as represas Guarapiranga e Billings estão lá. Seria, para comparar, o equivalente ao texto de uma peça teatral. Os atores interessados existem. São os milhões de moradores que têm suas vidas vinculadas ao entorno das represas.
Falta o empenho dos diretores, ou seja, o Poder Público, representado pelos governadores, deputados, prefeitos e vereadores. Falta, também, que nós, da plateia, detentores dos nossos títulos eleitorais deixemos claro que estamos cansados deste fingimento democrático e evitar reeleger quem nos engana de maneira irresponsável e sistemática.

Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Ser miserável é viver 24 horas por dia sem esperança.

Por Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André
A presidente Dilma Rousseff lançou na semana passada seu Plano Brasil sem Miséria. A miséria é uma epidemia que transforma homens e mulheres em cidadãos de segunda classe. Os deixa perambulando em ambientes sem higiene, ameaçados por doenças e sem poder sonhar em controlar seu próprio destino. Ser miserável é viver 24 horas por dia sem esperança.
Por isso, apoiamos a iniciativa da presidente Dilma de adotar ações concretas no combate à miséria, ao ampliar as propostas do presidente Lula.
Mas é preciso avançar muito além da boa vontade política e garantir aos cidadãos brasileiros, que hoje vivem na miséria, a certeza de que poderão controlar o próprio destino e aprender a incluir nas próprias vidas o gostinho todo especial de voltar a ter esperança.
A esperança se alimenta de consciência social. E a consciência social se nutre, por sua vez, de mais Educação e Qualificação. Por isso, investir no combate à miséria é muito mais do que dar comida aos pobres.
É preciso criar mecanismos sociais que garantam a todos nós brasileiros, com apoio direto aos mais desprotegidos socialmente, o quinhão de educação que os ajudará a avaliar a própria situação e a se envolver nos projetos para seu futuro imediato.
Ou seja, criar as bases sociais para que os pais possam ter esperança de ver os filhos melhor posicionados. E que tenhamos condições de apoiar uns aos outros para a construção do Brasil que voltará a nos pertencer, de maneira integral, pela primeira vez em séculos.
É com a Educação que nos alistaremos nos exércitos de combate à má distribuição de renda, que vamos reforçar as fileiras sindicais na busca de empregos com salários decentes. Que nos reforçaremos a atuação dos partidos políticos.
Apoiamos o discurso da presidente Dilma. Principalmente, por termos consciência, de que se não fizermos nossa parte, de nada adiantará os governos investirem bilhões para tentar resolver o problema da miséria.
O Nordeste é um exemplo em que ao longo dos séculos se investiu grandes fortunas para combater a seca e a miséria e o dinheiro acabou parando nos bolsos das elites que controlam a política local.
O Plano Brasil sem Miséria só vai dar certo de verdade se sensibilizar a opinião pública brasileira, se chegar até as fábricas e vilas, e virar assunto dentro das conduções. E abrir espaços para a participação das lideranças populares e sindicais.
Fora disso, corremos o sério risco de os bilhões que serão investidos no Plano serem represados no bolso das elites e transformar atual discurso político em mais um dos pesadelos sociais que estamos cansados de viver ao longo dos séculos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

PDT Forte

Por Adonis Bernardes, presidente do PDT de Santo André
Samuel Siqueira, primeiro suplente do PDT, nos informa que continuará no partido. Desmente, com veemência, as especulações que o  colocavam numa lista fora do PDT junto com o vereador Ailton Lima. Samuel Siqueira fica para ampliar seus espaços dentro da agremiação e reforçar a organização e mobilização do partido neste momento em que começamos a colocar em prática os projetos para as eleições municipais do ano que vem.